top of page

Farmacologia

 

Absorção

 

         A absorção por administração oral deste composto é muito rápida tal como provavelmente os outros esteróides anabólicos, contudo exibe um extenso metabolismo de primeira passagem hepática. A taxa de absorção de depósitos subcutâneos ou intramusculares depende do produto e da sua formulação. [9]

 

 

Distribuição

 

       Os esteróides anabolizantes estão altamente ligados à hormona sexual ligada à globulina (SHBG), a proteína específica do plasma. [9]
 

 

Metabolismo

 

     As principais reações de fase I resultam na hidroxilação do C16, enquanto que no metabolismo de fase II resultam principalmente no conjugado de sulfato e β-glucuronídeo, sendo depois excretado principalmente na forma conjugada embora os metabolitos resultantes da sua metabolização sejam principalmente os hidroxilados. [12, 13]

       Uma vez que o estanozolol é usado muitas vezes por desportistas, a World Anti-Doping Agency (WADA), exige sensibilidade na deteção de metabolitos num nível de concentração de 2 ng/ml de urina. Este composto exibe uma rápida metabolização, gerando baixos níveis de concentração do composto na urina. Os metabolitos hidroxilados (2, 4 e 5 da figura), são detetáveis ​​muito tempo após a sua administração, nomeadamente 10 dias após uma única dose oral de 5-10 mg. [13]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     Sabe-se ainda que o estanozolol é extremamente utilizado no desporto indiano. Como tal, foi realizado um estudo em que foram detectados os metabolitos mono-hidroxilados do estanozolol em desportistas indianos. Verificou-se que este composto era metabolizado em grande extensão e que os seus principais produtos metabolitos na urina humana são 3'-OH-estanozolol , 4-β-OH -estanozolol e 16-β-OH-estanozolol,  sob a forma de glucoronidos. [13]

      

 

Eliminação

 

      Cerca de 90% de estanozolol é eliminado na urina e 6% nas fezes, sendo depois excretado principalmente na forma conjugada embora os metabolitos resultantes da sua metabolização sejam principalmente os hidroxilados. [9]

 

 

Toxicidade

 

     A utilização de doses superiores às terapêuticas de esteróides anabólicos determina uma grande incidência de eventos adversos, principalmente a nível cardiovascular, hepático e endócrino, alguns dos quais são descritos abaixo. [14]

 

Toxicidade hepática

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      O fígado constitui um importante alvo de derivados da testosterona alquilados em C-17, como é o caso do estanozolol. O uso prolongado destes compostos resulta em efeitos adversos a nível da expressão genética hepática, sendo que os seus efeitos a nível da expressão genética resultam da sua ligação ao recetor androgénico (AR), membro da superfamília de recetores nucleares que funcionam como fatores de transcrição ativados por ligando. [2]

     O uso frequente de derivados C-17 alquilados pode provocar colestases e tumores no fígado, além da elevação dos níveis séricos de aminotransferases, nomeadamente a ALT e AST. Contudo, com a descontinuação do seu uso, obtém-se a reversão deste quadro. [15]

 

 

Toxicidade cardiovascular

 

HIPERTENSÃO

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      O mecanismo bioquímico responsável por esta redução assim como pelo aumento nos níveis de LDL-c, aquando o uso de esteróides anabólicos, envolve o aumento da atividade da lipase hepática, responsável pela transformação de VLDL a LDL, catabolismo fisiológico do HDL-c, inibição da síntese da apoproteína apoA-I e a supressão do catabolismo de LDL. Além disso esteróides anabólicos 17-α-alquilados administrados por via oral apresentam níveis séricos de LDL-c mais elevados do que administrados por via parenteral, tais como os ésteres de testosterona.

       Portanto, um aumento da razão LDL/HDL determina um aumento do risco de eventos vasculares, estando associados ao maior risco de ocorrência de aterosclerose. A lipoproteína LDL-c, nessas condições, permeia o epitélio vascular e aloja-se na camada íntima, onde sofre oxidação e ativa o processo inflamatório, que evolui para a formação de macrófagos ricos em colesterol (“foam-cells”), placa fibrótica e trombo. [14]

 

       O uso concomitante de antioxidantes, como a vitamina C, melatonina, entre outros,  permite minimizar os efeitos adversos verificados a nível cardiovascular e hepático induzidos pela toma de doses suprafisiológicas de estanozolol. [27]

 

 

 

SISTEMA REPRODUTOR

      No homem, os esteróides anabólicos determinam uma supressão dose-dependente nos níveis séricos de LH e FSH, por inibirem o eixo hipotálamo hipófise-gonadal. Desta forma, como as hormonas LH e FSH são fisiologicamente necessárias na génese e na atividade dos espermatozóides, provoca a diminuição no volume espermático, número de espermatozóides, motilidade, além de alterações na morfologia e aumento da líbido em utilizadores de esteróides anabólicos. 

     Em alguns indivíduos, o uso de doses supra-fisiológicas de testosterona permite a formação de estradiol, por meio de uma aromatização. O estradiol proporciona o desenvolvimento do tecido mamário em indivíduos adultos, levando a uma alteração anatómica, a ginecomastia. [14]

 

 

TIRÓIDE

       Foi descrita a supressão dos níveis séricos de tiroxina, triiodotironina e tiroxina livre em utilizadores de esteróides anabólicos. [14]

 

 

EFEITO SOBRE O COMPORTAMENTO

       Estudos descrevem o desenvolvimento de sintomatologia depressiva e/ou paranóica, uma correlação entre os níveis séricos de testosterona e agressividade e ainda a crimes violentos, como assassinatos e suicídios, devido a alucinações e delírios.

     Além disso, foi ainda relacionado à dependência devido à permanente insatisfação com o padrão físico e sintomas de depressão, fadiga e cefaleia após a descontinuação do uso de substâncias que determinem reforço positivo, como é o caso dos esteróides anabólicos. [14]

 

 

 

Metabolismo do estanozolol [13]

        O estanozolol pode ser administrado através de uma injeção intramuscular (IM), ou por via oral, devido a pequenas alterações na molécula que permitiram a administração oral. Ao alterar a molécula para melhorar as suas propriedades farmacocinéticas e contornar a administração IM, foi também alterada a toxicidade do composto, em especial a nível hepático.

       A molécula presente nas formulações orais possui um grupo metilo em C-17, tendo-se verificado que a sua toxicidade hepática é maior quando comparada com a forma injetável.

       A toxicidade hepática do estanozolol é muitas vezes subestimada, sendo que alguns dos consumidores acreditam que se trata do esteróide com menor toxicidade, no entanto, a situação oposta parece estar mais próxima da realidade, uma vez que mesmo sob prescrição médica e o cumprimento das doses estabelecidas podem surgir danos hepáticos graves. [2]

      

 

Um estudo epidemiológico com 772 utilizadores de esteróides em Inglaterra demonstrou que 19% dos entrevistados narraram como principal efeito adverso do uso crónico de anabolizantes, o desenvolvimento de hipertensão arterial. O mecanismo responsável por tal alteração da pressão arterial ainda é muito discutido na literatura, porém Kutscher et al. (2002) sugerem que tal alteração seja devido ao aumento na retenção de líquidos e aumento do volume plasmático. [16]

 

 

 

HIPERLIPIDEMIA

       Foi demonstrada uma redução nos níveis de HDL-c em utilizadores de esteróides anabólicos. Demonstrou-se uma maior atividade da LH em indivíduos que utilizaram esteróides anabólicos administrados por via oral (ex: estanozolol) em relação aos que utilizavam os administrados por via intramuscular, como os ésteres de testosterona e nandrolona.

bottom of page